Olha dentro dos meus olhos, olha dentro sem medo, tenta ver neles sem medo, tenta ver neles a minha vida, o meu espanto, a minha angustia, qualquer anseio, com esforço reprimido... E agora! Acaso não sentes pena? O que vou fazer? Vem, que a vida é breve... E passa sem que nós vejamos... Quem quiser que vá sozinho andando, pela estrada vicinal, descalço, entre pedras, que eu prefiro a via expressa, o conforto arriscado... Mas que é estrada também. Quem não se expõe, às vezes, não passa de seus limites! Vive preso em seu eu e solitário mundo... Esvazia este teu corpo, liberta-te e não te preocupes mais! Deixa-me minhas mãos, que são fortes, longas, macias... E discretas! Já é quase a alvorada: ouçamos a cotovia... Nesta manhã de dias de solidão, e céu azul como o mar... Pediu-me que esperasse, por favor! Um pouquinho só, é cedo. Eu te peço! Queria que não demorasse e que fosse logo, sem medo... Com coragem e força. A demora recrudesce, impaciente, cancã e maltrata o ânimo. O anseio cresce! E dá vontade de te ver novamente...
LINDEMAR